Publicado em terça, 27 de julho de 2021

DÍVIDA - Alta dos juros acende alerta para nível alto de endividamento

O novo ciclo de alta dos juros no país pode trazer impactos sobre o orçamento das famílias brasileiras, cujo comprometimento da renda com dívidas encontra-se em níveis recordes. 

Para alguns economistas, a combinação deve frear o consumo, fazendo com que as pessoas foquem em honrar compromissos já contratados. Outros ponderam que, ainda que a trajetória da Selic seja ascendente, o patamar alcançado seria historicamente baixo para o Brasil, afastando grandes preocupações em relação à inadimplência.

O longo período de afrouxamento na política monetária pelo Banco Central, que levou a Selic de 14,25% ao ano em meados de 2016 para 2% no início de 2021, foi acompanhado por redução significativa das taxas de juros médias em operações de crédito ao consumidor (de 42% ao ano para 23%) e aumento do endividamento nos lares (de 25% do PIB para 30%).

Endividamento

 

O endividamento passou de 44,3% em abril de 2017 para 58% em março deste ano, segundo dados do BC. Já o comprometimento da renda mensal com o serviço da dívida foi de 26,6% em janeiro de 2018 para 30,4% em março de 2021.

Segundo Braga, o aumento do endividamento foi maior do que o do comprometimento da renda ao longo dos últimos anos por causa da redução dos juros no período e do alongamento do prazo de pagamento dos empréstimos, principalmente devido ao avanço do crédito imobiliário. A expansão do endividamento, porém, tem limites.

Há esse indicativo de que o com o comprometimento de renda varia em um intervalo estreito e chegamos a uma máxima. Quanto uma família pode comprometer com pagamento de dívidas? Não dá para ser 50%”, afirma Braga.

Aumento na taxa de juros

Para ele, o recém iniciado ciclo de alta da Selic, que deve chegar a algo entre 6,5% e 7,5% até o fim do ano, pode adicionar impacto relevante a esse cenário. “Apesar de ser, para o Brasil, uma taxa historicamente baixa, irá resultar em aumento das taxas de juros ao consumidor em momento de elevado endividamento.”

 

As famílias, diz Braga, terão, então, de ajustar o orçamento doméstico para reduzir a fatia da renda comprometida. “Elas devem reduzir gastos, optar por pagar dívidas e evitar contrair novo endividamento”, afirma. O reflexo, segundo ele, tende a ser uma redução no consumo das famílias. “Mas não dá para afirmar que vai significar queda da demanda agregada total e do PIB”, pondera.


Fonte: Contábeis

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